PSICOLOGIA PARA TODOS

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CONFORMISMO

“Sob um ponto de vista geral, enquanto a obediência é desejável o conformismo não é, e muito menos é o comportamento Interacção-B30consequente. Contudo, muitas vezes o conformismo torna-se a única força que ajuda a pessoa a sobreviver e progredir.

Quando se está em guerra, os soldados têm de obedecer aos seus superiores e, muitas vezes, são obrigados a massacrar o inimigo. Os casos de Mi Lai, no Vietnam e o de Wiriamu, em Moçambique, são exemplo disso. Muitos subordinados se conformaram com o comportamento que lhes era exigido, embora discordassem dele com veemência. Não tinham outra alternativa viável.

Numa perspectiva bastante diferente, durante o período anterior à independência da Índia, o comportamento de conformismo Saude-B
exigido a toda a população indiana, proporcionou a independência duma nova noção sem o derramamento exagerado de
sangue, que teria ocorrido com as possíveis revoltas e actos de sabotagem. O conformismo inicial transformou-se numa arma poderosa para a resistência passiva. Foi como se tivesse sido aplicada uma técnica colectiva para transformar os pensamentos negativos em acções positivas. Como poderia o «arrogante» inglês resistir a um «não» pacífico e iredutível?

Afinal, o que é o conformismo? Kiesler (1969) diz que o conformismo é uma mudança de comportamento ou crença em relação a um grupo, como resultado de pressões desse grupo. Krech, Crutchfield e Ballanchey (1962) dizem que para existir Psicologia-Bconformismo tem de haver conflito. Isto quer dizer que persiste um conflito entre aquilo que um indivíduo deseja e o modo como o grupo ou uma força superior ao indivíduo o pressiona para actuar. Se o grupo não opressionar, o indivíduo não procederá como por vezes procede. Do mesmo modo como existem os conformistas, surgem também os anticonfor-mistas que actuam em sentido contrário.

Como membros de um grupo, todos desejamos ser aceites. Por esta razão dispomo-nos a conformar com as normas do grupo. Em qualquer partido político acontece isso, do mesmo modo como em qualquer empresa ou até numa família.

Para tentar provar esta ideia, Asch (1951) solicitou a alguns sujeitos que dissessem qual das linhas apresentadas em dois cartões Psicopata-Beram iguais ou diferentes.

Em condições normais, houve só 1 por cento de erros. Porém, depois de experiência com vários cartões, quando alguns dos «comparsas» do experimentador deram, antes do sujeito da experiência, a resposta de que C era igual a X, o sujeito da experiência deu a mesma resposta, apesar de ter verificado antes que estava errada. Em experiências semelhantes, 35 por cento dos sujeitos conformaram-se com as pressões do grupo.

X _____ A _______B _____C ____

Também Crutchfield (1955), baseando-se na teoria da personalidade, fez um estudo sobre o conformismo avaliando as Acredita-Bpersonalidades de alguns executivos civis e militares e verificou que estes sobrevalorizavam ou «idealizavam» os seus pais e utilizavam práticas educacionais restritivas e tinham outras características tais como nível intelectual reduzido, pouca capacidade de liderança, alguns sentimentos de inferioridade e forte tendência para o autoritarismo.

Deste modo, Crutchfield descreveu o conformista como tendo pouca força do ego, pouca capacidade para tolerar a ambiguidade devido à força das suas próprias pulsões, pouca vontade de aceitar responsabilidades, pouca capacidade de introspecção, pouca espontaneidade, originalidade diminuta e bastantes atitudes preconceituosas e autoritaristas. Verificou também que os conformistas não eram essencialmente neuróticos, que reagiam de uma maneira estável ao longo das diversas situações e que nem todos reagiam às pressões de grupo de igual modo.Imagina-B

As teorias baseadas no grupo dizem que as pessoas vão aprendendo com «ensaio e erro» à medida que crescem. Existe uma informação pessoal baseada na realidade física que faz com que uma criança aprenda que se queima se se aproximar exageradamente do termoventilador e que, se gastar a semanada logo depois de a receber, não terá dinheiro para outras despesas durante a semana. Porém, se a informação sobre o perigo da queimadura tiver sido dada pelos pais, a aprendizagem será feita por informação social e não por informação pessoal.

À medida que nos integramos na sociedade, ficamos sujeitos às pressões informativas que são incorporadas nas nossas atitudesConsegui-B porque desejamos continuar na sociedade em que vivemos. Por isso, é ela que modela a nossa maneira de ser. Por este motivo, o grupo pode utilizar as pressões sociais normativas para nos persuadir a conformarmos. Deutsch e Gerard (1955) definem-na como uma “influência para o conformismo em relação às expectativas positivas do outro”.
Por isso, qualquer pessoa que tenha estado num grupo e deseje continuar nele, conhece a ansiedade que é despertada pela expectativa de ser rejeitado pelo mesmo. De que maneira os indivídous se mantém nos gangues? Que forças psicossociais actuam neles?

Schachter (1951) demonstrou experimentalmente que os grupos rejeitam os não conformistas. Para isso, constituíu grupos de mario-70
várias pessoas incluindo em cada um três comparsas, um dos quais era contestatário, o outro acomodatício e o terceiro concordante. Iniciada a discussão sobre a delinquência com propostas de sua solução, cada um dos comparsas exerceu o seu papel, o primeiro a contestar permanentemente, o segundo a discordar inicialmente até passar a concordar e o terceiro a concordar sempre. Depois disso, o experimentador dividiu esses grupos em duas facções dizendo a uma que a tarefa seguinte do grupo seria bastante interessante (alta coesão) e à outra, que poderia ser algo aborrecida (baixa coesão).

Finalmente, foi dada aos grupos assim separados a tarefa de discutir um «caso» e atribuir responsabilidades aos seus membros. Durante a discussão, o grupo interagiu inicialmente imenso com o contestatário, tentando persuadi-lo do contrário, até que Joana-Bdecidiu pô-lo de lado rejeitando-o. Quando chegou a ocasião de atribuir tarefas, as piores foram atribuídas ao contestatário ou inconformista ao passo que ao acomodatício se atribuíram tarefas interessantes. A rejeição do inconformista foi maior no grupo de alta coesão do que no outro. Supõe-se que o grupo exerce forte pressão sobre os não-confor-mistas dando-lhes bastante informação inicial mas castigando-os posteriormente se continuarem na sua posição de contestatários.

Qual a razão porque os grupos exigem o conformismo? Supõe- -se que os contestatários podem atrapalhar, retardar ou impedir os objectivos que os grupos geralmente pretendem atingir. Normalmente, são os contestatários ou não-
conformistas que impedem esses grupos de atingir os seus objectivos. É a teoria de locomoção do grupo, de Festinger (1950).Maluco2
Logicamente, os sindicatos não teriam a possibilidade de exigir melhores salários se metade dos seus sócios discordasse desta ideia. É por este motivo que os grupos reagem violentamente em relação aos contestatários. Exemplos não faltam nos nossos partidos políticos, em pleno século XXI e até nos «mais democráticos». Interessa depurar os grupos das mentalidades desviantes ou desviadas. Foi o que muitos destes «democratas» reconheceram ter acontecido durante o regime de Salazar. Do mesmo modo se procedeu nos tempos da Inquisição quando interessava eliminar sumariamente os que não estivessem a favor da «verdadeira» Igreja.
Este medo quase atávico, daqueles que possuem ou detêm nas suas mãos os destinos de uma nação tem razão de existir? Talvez sim, se tivermos em conta a sua falta de confiança em si próprios e na sua incapacidade de difundir as suas Depressão-Bideias ou convicções. Asch (1956) apresentou provas de que um único membro «desviado» pode ser «prejudicial» para o grupo. Solomon Asch descobriu que o conformismo pode atingir cerca de 35 por cento dos membros do grupo e que esse conformismo pode baixar 8 a 9 por cento quando um dos membros do grupo discordar publicamente.
Talvez este tivesse sido o motivo principal da manutenção do Apartheid na África do Sul e do racismo no Sul dos EUA. Talvez seja esta a razão porque certos grupos políticos e profissionais não desejam contestatários nas suas fileiras, especialmente quando os mesmos podem ter razão! Podemos comparar esta situação com a gota de água que neuropsicologia-Btransborda o copo ou uma ligeira fervura que transvaza a panela no fogão.

O modo como as pessoas formam as normas do grupo é interessante e pode explicar-se através as experiências que Sherif (1935) fez sobre o efeito autocinético. Apresentou um ponto de luz numa sala completamente escura. Solicitou a diversos sujeitos, em separado, que avaliassem a sua movimentação. Embora a luz estivesse fixa, o efeito autocinético fez com que a luz parecesse estar a movimentar-se e cada um tivesse uma ideia diferente da magnitude dessa movimentação.
Porém, quando os sujeitos foram reunidos para fazerem essa reavaliação, anunciando em voz alta essa magnitude, um de cada vez, a distância começou a ser diferente da inicial e passou a ser muito semelhante para todos. Psi-Bem-CContudo, voltando à situação inicial de privacidade, as distâncias continuaram a ser diferentes para qualquer desses indivíduos da experiência.

Para provar se haveria possibilidade de alterar a magnitude com informações erradas, Jacobs e Campbell (1961) replicaram diversas vezes a experiência de Sherif, mas colocaram três comparsas no grupo juntamente com um sujeito da experiência. Embora o movimento avaliado pelos sujeitos fosse de 10 centímetros, a sua magnitude passou para cerca de 40 centímetros quando os comparsas fizeram inicialmente esta avaliação.
Contudo, Asch (1951) verificou em experiências posteriores que a maior parte das pessoas não se conforma, sempre que possível, com as normas do grupo quando teve anteriormente a oportunidade de verificar que as suas ideias Difíceis-Bestavam certas. Por isso, as características individuais e as características do grupo e da situação em si, têm uma influência muito grande e é com estas variáveis que é necessário lidar quando se está em interacção grupal, quer no mesmo nível hierárquico quer no nível de subordinado/chefe.

Embora o conformismo seja uma força muito forte, o «desvio» e a independência podem ter lugar em certos casos como aconteceu com o cônsul de Portugal Aristides de Sousa Mendes durante a II Guerra Mundial. Uma das razões destes comportamentos fica delineada na teoria de reactividade, de Brehm (1966), que postula que cada indivíduo se julga livre de executar, nesse momento ou num futuro próximo, um conjunto de comportamentos que fazem parte de si próprio. Assim, conseguir assegurar a liberdade de executar esses comportamentos, parece essencial para a sua Respostas-B30sobrevivência.

A outra, é a teoria de desindividualização que ajuda a pessoa a sentir-se desresponsabilizada num grupo em que não se mantém a individualidade ou em que o anonimato é predominante. Zimbardo (1969) referenciou que as características de anonimato, semelhança no vestuário, excitação e situações novas ou não estruturadas, podem ser as possíveis causadoras da desindividualização.”

Depois da transcrição das páginas 99 a 104 de Interacção Social (K), por ser um assunto de bastante interesse nos tempos actuais, temos momentos em que podemos  pensar na nossa vida Biblioobjectivamente. Interessa utilizar o realismo e agir em conformidade,  que talvez complete a utilização da técnica de manipulação da depressão ou desamparo aprendido a que parece que
estamos a ficar sujeitos.

Pode consultar agora o https://psicologiaparaque.wordpress.com/2016/03/06/conformismo-2/
Saber não ocupa lugar, mas pode servir de prevenção.

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Ver também o post LIVROS DISPONÍVEISarvore-2

É aconselhável consultar o ÍNDICE REMISSIVO de cada livro editado em post individual.

Blogs relacionados:

TERAPIA ATRAVÉS DE LIVROS [http://livroseterapia.wordpress.com/]

PSICOLOGIA PARA TODOS (o antigo) [http://psicologiaparaque.blogspot.pt/]

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6 thoughts on “CONFORMISMO

  1. Como diz que gosta que façam comentários e que não enviem e-mails para que tudo possa ser consultado por muita gente, faço este comentário que não tem a ver com o artigo onde o faço.
    Consultando este blogue e os artigos relacionados com este artigo, vi o resumo do livro EU NÃO SOU MALUCO (E) e pareceu-me bastante improvável o Júlio conseguir ter um êxito bastante grande sem posterior apoio psicológico.
    Pode-me explicar como foi?

  2. Flora Santos on said:

    Olá, gostaria de saber as referências utilizadas por vocês para esse post. No caso específico de Kiesler (1969) e Krech, Crutchfield e Ballanchey (1962) pois não encontrei na internet.
    Obrigada! e parabéns pelo post, muito bem construído e informativo!

    • Foram livros e revistas antigas consultadas, talvez em 1990, na ocasião de escrever os livros que vão figurar no novo livro INTERACÇÃO SOCIAL. Clicar em BEM-VINDOS.

      Kiesler, S.B. (1969) – Group Pressure and Conformity – in MILLS, S. J. (ed) Experimental Social Psychology, MacMillan, Nova Iorque.

      Krech, D.; Crutchfield, R. e Balanchey, E. (1962) – Individual in Society: A Textbook os Social Psychology – McGraw Hill, Nova Iorque.

      Agradecidos pelos vosso simpático comentário.
      Mário de Noronha

  3. Anónimo on said:

    Qual é a definição propria

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