PSICOLOGIA PARA TODOS

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A PROPÓSITO – 2

Ao comentário seguinte do Sr. Felício:

Dr. Noronha.
Já lemos este post com todos os links e gostamos.
Ficámos à espera de ver a supernanny mais uma vez, mas acabamos de saber que foi interdita a sua apresentação.
Não quer dizer alguma coisa mais concreta especificamente ligada às actuações anteriores?
Vamos ficar decepcionados se não disser coisa alguma – uma avaliação desses dois programas.
Foram bons ou maus? Actuaram bem ou mal?
Agradecemos a sua colaboração.

respondi:
Obrigado pelo comentário, que vou responder já.
Acabei de ver cerca das 09,30, também na SIC, uma reportagem directa, de Faro, sobre treino de cães em que o treinador dizia que mais perigosos do que os cães eram os seus donos, que tinham de ser treinados em primeiro lugar.
Concordo com isso e digo o mesmo em relação à supernanny.

Do que revi nos dois programas da supernanny, já que no Domingo não houve a terceira transmissão, mais pereciam um espectáculo do que uma demonstração de técnica ou de modos de actuação adequados e correctos que pudessem ser úteis para os espectadores.

Como já disse em relação a outras apresentações, com plateias pagas a aplaudir qualquer actuação para «ganhar» audiências mais do que para transmitir ou difundir conhecimentos, estas duas apresentações não pareceram muito diferentes.

Se a peça servisse para informar ou esclarecer o público em relação a certos problemas que surgem ou até acontecem frequentemente em muitas famílias, não havia necessidade de apresentar as coisas do modo como o foram.

Porém, se uma família inteira foi exposta na realidade e não como «representação», julgo que houve consentimento ou até concordância dada pelos mais velhos e responsáveis.

É como fazem em muitos espectáculos, que não são poucos e, especialmente, nos programas das manhãs e das tardes em quase todos os canais, com espectadores pagos, que até parece estarem lá por vontade própria e não por contrato de prestação de serviço.

Se, de facto, a intenção era provocar aprendizagem do público, em psicologia ou modificação do comportamento, seria de toda a razoabilidade filmar toda a interacção familiar, sem interferência ou presença de outras pessoas.

Essa filmagem deveria ser vista inicialmente por um técnico devidamente preparado.

Baseando-me apenas naquilo que se viu no programa, as dificuldades maiores circunscreviam-se ao comportamento dos filhos, especialmente com a mãe e à divergência de pontos de vista e de actuação dos pais, que deveriam mudar o seu comportamento, em primeiro lugar (causa), para incentivar comportamentos diferentes nos filhos (efeito).

Por este motivo, o filme deveria ser exibido só para os pais, analisando com cuidado os comportamentos a serem alterados e suas possíveis causas para detectar os momentos, os modos e as condições em que as «novas medidas» deveriam ser utilizadas para alteração desses efeitos no sentido desejado.

Para isso, seria imprescindível que os pais tivessem, em primeiro lugar, algumas noções de modificação do comportamento, tal como aconteceu com a JOANA, cuja alteração do comportamento foi quase pública sem ninguém dar por isso, a não ser o resultado obtido.

Os pais tinham de aprender bem, em primeiro lugar, o modo de funcionamento do comportamento humano e compreender tudo o que se relaciona, pelo menos, com gratificação, punição, reforço (primário, secundário, positivo, negativo, imediato, diferido, de razão fixa e variável, de intervalo fico e variável, aleatório, vicariante, do comportamento incompatível) extinção, leis do efeito e da repetição, condicionamentos clássico e operante, aprendizagem, modelagem, moldagem, identificação, facilitação, dissonância cognitiva e resolução de conflitos.

Também deveriam aprender a utilizar as técnicas aplicadas que me pereceram ser punição ou time out e token economy ou economia de fichas verificando os resultados e as consequências, tentando obter um feedback imediato.

Deveria ser realçada a diferença de tratamento e de atitude que o pai e mãe mantinham em relação aos filhos e, especialmente em relação ao rapaz.

Esse assunto deveria ser resolvido em primeiro lugar para não criar nos filhos dissonância cognitiva.

No comportamento da filha, haveria algum problema com o nascimento do irmão e diferenciação no tratamento?
Parece que ela demonstrou isso e os pais aperceberam-se, ficando satisfeito quando as demonstrações dessa insatisfação diminuíram (ou foram reprimidas e camufladas?).
Este assunto deveria ser bem esclarecido de imediato e resolvido antes de tudo.

Depois disso, se não houvesse filmes técnicos a serem apresentados aos pais, o técnico especializado deveria actuar com as crianças, demonstrando de que modo, em que ocasião e em que medida a acção deveria ser efectuada: seria uma aprendizagem social, com modelo.

Depois desta apresentação, deveria ser realçado que no comportamento da mãe, especialmente com o filho, os dois pareciam mais colegas a brigar do que uma mãe a impor ou estabelecer regras ou exigir o cumprimento delas.
Quando disseram que a mãe parecia um general, deu-me vontade de rir.
Com as quase duas dezenas de anos que passei na tropa, lembrei-me mais da mãe como um cabo desorientado a querer disciplinar com soldado rebelde, enquanto o pai, como sargento, tentava «aguentar» a situação.

Por esse motivo, como a actuação da mãe deveria ser maior e mais frequente do que a do pai, ela deveria aprender a relaxar-se e treinar imediatamente, para ter comportamentos mais firmes, calmos, seguros e adequados do que os apresentados nas filmagens.

Além disso, o problema da dissonância cognitiva ocasionada pelos comportamentos dos progenitores deveria voltar a ser realçada e sanada, de imediato, com a colaboração dos dois progenitores.

No final da apresentação, fiquei sem saber se o problema tinha ficado resolvido, durante quanto tempo e em que medida.
Muito do que aconteceu não se irá repetir ou não será evidenciado de outro modo e com outras cambiantes?
Na ausência dessa pomposa supernanny o que pode acontecer?
Não serão os pais a ter de intervir?
Como, com que conhecimentos e prática?

♦ Se as crianças não tiverem compreendido bem e não tiverem interiorizado as normas que lhes foram apresentadas num sentido quase moralista, podem-se esperar efeitos secundários ocasionados pelo reforço negativo obtido para fugir às punições do momento.

♦ A fuga a uma punição ou seu evitamento pode ocasionar reforço secundário negativo que conduz ao vício, ajudando a manter comportamentos inadequados.

♦ Não perece que as crianças nas idades de 5 e 7 anos possam compreender e apreender as normas de obediência e de deveres que lhes foram apresentadas no filme porque o seu poder de abstracção é bastante reduzido.

♦ Antes dos 10 anos, a não ser que estejam bem treinadas, as crianças conseguem reagir mais à satisfação e à insatisfação, o que lhes proporciona reforços positivo e negativo.

♦ Além dos reforços proporcionados pelos pais, os modelos que lhes são expostos por eles, têm a máxima importância.

É exactamente por este motivo que estou a «trabalhar» afincadamente na nova edição do livro da JOANA, a fim de se poderem fazer algumas palestras que possam ajudar os pais a não chegar ao extremo de solicitar uma supernanny que não sei que resultados poderá ocasionar a longo prazo.

É também por este motivo que estou a rever toda a colecção dos 18 livros da Biblioterapia para a poder publicar qualquer dia se os interessados assim o desejarem.

Além de alguns livros, como já aconteceu em aulas, as palestras podem complementar, em casos específicos, os apoios necessários a muitas famílias que não têm outra ajuda disponível e que vão sofrendo problemas semelhantes ao longo de toda a vida, até se tornem insustentáveis e deletérios.

É por este motivo que os dois posts sobre o ANTES e DEPOIS tem o seu interesse.

No caso concreto da supernanny, como psicólogo, faço as seguintes perguntas ou reparos:
Ψ Os pais do Francisco (5 anos) e da Lara (11 anos) não pediram ajuda anteriormente?
Ψ Por acaso,  não haveria «ciumeira» da irmã por ter «perdido» um pouco a atenção dos pais a favor do irmão?
Ψ Qual foi o resultado?
Ψ Qual será o desfecho de todo o espectáulo que foi exibido na televisão?
Ψ Quais serão os «ganhos» (ou efeitos nefastos?) para aquelas duas crianças?
Ψ Qual o resultado dos castigos de 5 a 11 minutos sentados no banco? 
Lembrei de repente do caso do Álvaro. Quando o voltei a ver pela última vez, se ele continuasse a fazer os disparates como fazia na época em que o conheci, deveria ficar sentado no banquinho durante 17 minutos?
Ψ Qual será a aprendizagem que os espectadores terão conseguido fazer?
Ψ Não irá provocar nestes uma aprendizagem inadequada, imitando (inadequadamente?) muito daquilo que lá se viu, sem saber qual a razão de cada procedimento?
Ψ Oxalá que dentro de pouco tempo não existam mais famílias problemáticas…
Ψ Espero que, os que consultarem o meu blog façam perguntas ou comentários, lendo, se necessário, o último post e todos os links que estão apresentados neste.
Ψ O meu último livro «PSICOTERAPIA… através de LIVROS…» (R) também pode dar uma ajuda substancial.
Ψ Fico muito desgostoso porque, em relação à Psicologia, ou Ciência do Comportamento, se continuem a fazer os disparates contra os quais sempre lutei durante mais de 40 anos, e que são apresentados agora como  «maravilhas» «vindas do estrangeiro»…..

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1 thoughts on “A PROPÓSITO – 2

  1. O seu post é muito interessante e compreendi-o muito bem.
    Tenho muitos amigos que estão na mesma fase de vida do que eu (pais recentemente), e vou procurar divulgar a informação porque espero que sejam tão interessados como eu…
    Gostava de lhe perguntar se não pensa em realizar uma palestra sobre o assunto (educação dos filhos).
    Estou interessado!
    As novas alterações ao livro “Joana”, são suficientes para justificar da minha parte a sua aquisição?
    Tenho o livro anterior.
    TL

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