RESPOSTA − 58
Hoje de manhã, quando já tinha passado pelo café por onde fazia a minha caminhada habitual, o Sr. Felício veio a correr atrás de mim para falar comigo e mantivemos o diálogo seguinte:
F − Não estava à espera de o ver aqui, ainda mais com máscara e mais tarde do que o habitual e só o reconheci pelo andar.
N – Com esta pandemia, a minha mulher teve de mudar o dia e a hora da cabeleireira, demora hoje mas tempo e cá estou eu a dar a minha voltinha, suprimida nos últimos dois meses para ficar em casa a andar pelo quintal.
Quer dar-me alguma notícia, ficou com saudades minhas ou tem alguma pergunta para me fazer?
F – Pois é isso mesmo.
Há mais de quinze dias que estou a tentar encontra-lo para saber de que modo posso aconselhar um vizinho amigo, mais velho do que eu e que diz não poder andar devidamente, porque sente dificuldades nos calcanhares.
Anda pouco e sente dificuldades.
Lembrou-se agora que, em criança, para não ter de se agarrar e ficar pendurado numa torneira de água que estava muito alta, deu uma queda caindo sobre os calcanhares e ficou muito magoado e quase desfalecido.
Acha que isso o pode ter traumatizado e, julgando que foi um traumatismo muito grande, pretende ir agora a um hipnoterapeuta para resolver o problema, esperando que ele o solucione.
N – Estou a ficar baralhado.
Como é que ele vai conseguir resolver esse problema com a hipnose, se é um assunto de ossos, ligamentos, músculos, etc.?
Ele devia consultar um médico especialista.
F – Quando eu lhe coloquei esta hipótese, disse-me que já tinha ido ao ortopedista e que ele lhe dissera que não havia qualquer problema.
Ele esteve na guerra do Ultramar e voltou de lá bastante desagradado com os factos vividos no mato.
N – Neste caso, o seu problema pode ser mais psicológico do que fisiológico, com alguns eventos da guerra associados à sua queda em criança, transformados em mecanismos de defesa com as dificuldades em andar, etc.
Se a minha hipótese estiver certa, a psicoterapia pode dar uma ajuda bastante grande, caso haja uma grande colaboração do próprio, além de algum treino para praticar o relaxamento muscular e mental, além de capacidade para analisar racionalmente e sem preconceitos ou tentativas de justificação, quaisquer comportamentos ou factos que tenham ocorrido no passado.
Eu já disse isso a outra pessoa, que tentou realizar a prática em casa e obteve resultados com a consulta e seguimento das indicações dadas no post AUTOTERAPIA-2, preparado por vontade do Joel (G).
bsp;
F – Mas ele é muito teimoso e só aceita aquilo que lhe convém.
Esta ideia de ir ao hipnoterapeuta, foi porque leu, há anos, um artigo num jornal falando maravilhas da hipnoterapia.
N – Se calhar até disseram quem era esse «artista» e as «maravilhas» que ele praticava.
Estou farto de ler artigos semelhantes e de ver programas televisivos, que são autênticas burlas e conseguem enganar muita gente que acredita nessas «patranhas».
Basta ver aquilo que quase todos os canais de televisão «propagandeiam», especialmente, todas as manhãs e nas horas em que os mais «descansados» ficam a olhar para os ecrãs, muito comovidos com as palmas a serem batidas pela audiência, que é paga para lá estar e entusiasmar os espectadores.
Funciona tudo emocionalmente como nos anúncios de diversos produtos que têm pouca utilidade para a maioria da população.
F – Então, acha que é uma má ideia não se socorrer de meios adequados…
N – Vamos tentar raciocinar aqui mesmo, porque hoje tenho tempo e, quando chegar a casa, vou fazer, como normalmente, um post sobre o assunto, para todos poderem ler e posso dizer que as técnicas utilizadas em Imaginação Orientada (J), tornam-se muito úteis.
ψ Se uma pessoa depois do que aconteceu em criança, conseguiu andar bem, mesmo no mato e até na guerra, sem qualquer problema, não deve ter dificuldades físicas ou fisiológicas.
ψ Se nos últimos tempos, devido a dificuldades «sentidas» em andar, deixou de andar, pode estar a ocasionar pouca elasticidade dos músculos, tendões, etc.
ψ Se o ortopedista não verificou qualquer anomalia, julgo que não devem existir dificuldades fisiológicas impeditivas de andar.
ψ Se existem dificuldades psicológicas (traumatismos profundos) não é uma hipnoterapia que vai resolver o problema.
ψ A hipnose funciona só com sugestão se o indivíduo a aceitar, não sendo possível alguém impingir essa ideia se o indivíduo não a aceitar, quer de bom grado, quer por coerção com medo das consequências.
ψ Se o hipnoterapeuta conseguir impingir a ideia de que pode andar, o indivíduo, imaginando que «ficou curado», pode exagerar e querer andar muito, julgando que, de facto, «está curado».
ψ Se, por qualquer razão, incluindo a falta de exercício nos tempos antecedentes, não tiver condições de andar convenientemente e começar a andar insistentemente, julgando que «está curado», pode ocasionar lesões desnecessárias que exigirão muitos mais cuidados e preocupações.
ψ Em casos semelhantes, nunca será conveniente submeter-se a sessões de hipnoterapia antes de fazer uma psicoterapia conveniente para descobrir e «resolver» o trauma que causou as dificuldades.
ψ Nestes casos, eu aconselharia o início dos exercícios indicados no livro AUTO[psico]TERAPIA (P), que também estão resumidos no post AUTOTERAPIA – 2.
ψ Entretanto, enquanto aprende a relaxar, pode cronometrar o tempo durante o qual consegue andar.
ψ Supondo que anda, à vontade, durante minuto e meio, repete esse exercício, todos os dias, pelo menos cerca de 10 vezes da seguinte maneira, numa espécie de dessensibilização:
◊ anda durante minuto e meio e relaxa logo depois durante 5 minutos;
◊ volta a fazer o mesmo e relaxa de seguida durante 5 minutos de cada vez;
◊ repete este exercício mais 9 vezes;
◊ passada uma semana, começa a andar 2 minutos e relaxa de seguida durante 5 minutos;
volta a repetir o mesmo exercício, mais 9 vezes durante essa semana;
◊ passadas estas duas semanas, altera o tempo de andar para 2 minutos e meio, faz o relaxamento durante o tempo previsto e continua o exercício mais 9 vezes;
◊ vai fazendo isso, todos os dias, aumentando, de cada vez o tempo em 30 segundos, de semana a semana, até ser capaz de andar melhor.
◊tendo aprendido a relaxar muscular e mentalmente, pode «relembrar» os exercícios feitos e recordar as melhoras sentidas, quando dormir;
◊talvez nessa ocasião, relembrando a vida do passado, haja algum momento em que possa conseguir recordar algum traumatismo ou situação difícil.
O livro dá as indicações necessárias e, se o seu amigo quiser, pode pedir algum conselho ou até comunicar através dos comentários no blog, para que a psicoterapia dê bom resultado, sem necessidade de hipnoterapia que pode ter efeitos colaterais ou secundários.
Este tipo de tratamento, em psicoterapia, que eu tinha iniciado incipientemente em 1976, foi começado a ser utilizado só no fim do século passado ou início deste, no Reino Unido e até em outros países, como «prescrição de livros» (books by prescription) ou, mais prosaicamente, biblioterapia, porque os seus serviços de saúde mental não têm capacidade de atender todos os pacientes. )
F – Julga que só isso o vai ajudar?
N – Acho que ele tem de começar por algum lado antes que tome uma decisão que o pode comprometer para o futuro ou trazer-lhe mais dissabores do que aqueles que já tem no momento.
Recorde-se que, em tempos, disse-me que, com o livro da Cidália (C) já tinha conseguido ajudar um amigo, fazendo também um grande reparo quanto aos meus oito posts sobre Diagnóstico, de abril de 2010, e do Psicoterapia / Medicação, também de abril, mas de 2014.
Também lhe disse nessa ocasião que a minha insistência em divulgar os conhecimentos da Psicologia (F), pela população em geral não é disparatada.
A crítica de que os meus primeiros livros eram «popularuchos», feita por uma colega, foi o maior elogio que consegui ouvir.
A população pode ficar mais esclarecida e protegida, já que cada um pode estabelecer o caminho que desejar.
A pessoa pode utilizar uma autoestrada ou preferir caminhos vicinais, ou até embrenhar-se nos arbustos e florestas mas, se tiver conhecimento das consequências de cada escolha, a mesma pode ser mais consciente.
Além da Cidália, lembre-se daquilo que aconteceu com o Júlio (E) e, agora, pode ver o que se passou com o Joel «Psicopata» (G).
Quem seguir algumas instruções que são dadas nos diversos livros ou até utilizar as indicações do blog, não terá de dizer: “Eu não sabia!” “Se soubesse”, para se arrepender depois e não conseguir enveredar por caminhos de regresso, aceitáveis ou menos maus, quando poderia ter evitado tudo isso em momento oportuno.
Pode ter ainda maior certeza disso, se ler os livros anteriores que agora vão dar origem ao «Psicoterapias Bem-Sucedidas – 3 casos» (L) e vai verificar o modo como a lucidez e a colaboração do próprio é importante, do mesmo modo como o meio ambiente, assim como o conhecimento do funcionamento do comportamento humano e a execução dos exercícios necessários.
Como falámos da vez passada, também quero realçar que a depressão do meu amigo Antunes (B) era originada por factos que, para ele, não tinham muita importância, mas que até estavam a prejudicar o equilíbrio psicológico da mulher e os resultados académicos da filha.
Foi praticamente uma autoterapia, com conversas anteriores e alguns telefonemas.
Nos casos do «Mijão», «Calimero», «Perfeccionista» e «Pasteleiro» (M) poderá descobrir, qualquer dia, a grande importância que o ambiente tem nos nossos sentimentos, sensações, percepções, crenças, valores e comportamentos.
Quem mais do que o próprio pode ter acesso a isso?
Está tudo guardado, bem ou mal arrumado, devida ou indevidamente compreendido, nos baús secretos que temos nas nossas cabeças, ao qual, às vezes, chamamos inconsciente.
E, como é que lá iremos chegar sem uma psicoterapia bem orientada?
Tudo isso pode ser explicado e demonstrado em algumas palestras de 3 a 4 horas, com cerca de 30 a 40 participantes e até respondendo às suas perguntas pessoais.
A propósito de toda esta nossa conversa, posso dizer que durante os meus 2 meses de confinamento, também me custou andar e, depois de passear pelo quintal, massajei as pernas para as poder sentir mais aliviadas.
Quando chegar à casa hoje, vou fazer o mesmo, até me sentir mais aliviado.
F – Assim, fico muito mais elucidado.
Obrigado por tudo e até à próxima, depois de ler o post que vai publicar, desejando que consiga massajar bem as pernas.
N – Até à próxima e bom êxito do seu amigo.
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É aconselhável consultar o ÍNDICE REMISSIVO de cada livro editado em post individual.
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